ROB ZOMBIE, O JOÃO BAIÃO DO TERROR AMERICANO




Rob Zombie acima de tudo é um homem fascinado pela América.
Fascinado pela cultura pop, pelas tradições,pelo colorido das armas,
dos carros, das motas, das loiras texanas, do McDonalds e dos
assassinatos diários. Embriegou-se de tal forma nesta América,
que o resto do mundo desdenha, que se transformou numa caricatura
da mesma.

Atravessamos as mais refundidas estradas nacionais numa carrinha
com Rob Zombie a conduzir, pelo caminho vai-nos contando histórias
grotescas de pessoas e locais. Diz-nos com orgulho que aquela é a terra
onde nasceu e vai morrer, enquanto puxa o volume ao máximo do
rádio até nos por os ouvidos a sangrar com uma música country
aleatória.

As suas histórias, músicas e imagens parecem-nos brutalmente infantis
e coloridas mas deixamo-nos levar e no fim queremos mais. Assistimos
com agrado e empatia ao marketing diabólico e naturalmente damos as
mãos e tornamo-nos os melhores amigos de serial-killers e aberrações
sociais.

Rob Zombie não passa de um puto trabalhador que retira um enorme
prazer das suas criações. Quase que podemos imaginar que tudo isto
já estava planeado, quando ainda era um miúdo com um nome normal,
frente a uma tv com os olhos esbugalhados a espera do monstro semanal.

Enquanto esteve fechado nas suas próprias criações toda a gente lhe
atirou o rótulo "cinema de autor" porque não sabiam o que fazer com
este tipo vindo do heavy metal mas quando tocou numa das figuras mais
queridas do terror americano: Michael Myers, as vozes de contestação
entoaram por todo o lado. Houve quem se sentisse aldrabado e roubado,
sem conseguir perceber que Rob Zombie, a criança, apenas queria prestar
homenagem e brincar com algo que estava num museu a ser idolatrado por
grupos de pessoas inertes e cocozinhas. Não há regras nem lobbys no terror,
há apenas prazer em fazer,ver, experimentar, combinar, brincar, partilhar.
Rob Zombie tem consciência disso como também tem a perfeita noção das
exigências comerciais do negócio/indústria cinematográfica, usando isso em
seu favor.

Faltam mais dois ou três filmes para que o universo Rob Zombie seja respeitado
e compreendido de forma mais ou menos unânime. Poderemos também chegar à
conclusão que já queimou todos os cartuchos nas primeiras tentativas. Não importa
porque a tesão do mijo e ansiedade em querer expressar todo aquele turbilhão
technicolor que lhe saltava no cérebro deu origem a pacotes bem recheados,
suficientes para marcar uma posição de forma vincada e sincera.

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