REVIEW: Spoorloos ( George Sluizer, 1988, França/Holanda



Um raptor ( aquele que tira ) e uma vítima ( aquele a
quem tiram ). Dois lados de um tabuleiro.
O prazer da descoberta numa ponta, a dor do desconhecimento
na outra. Assistimos a tudo enquanto engolimos em seco sem
nada poder fazer. Emoções ao Deus dará.

Todos os filmes que lidam com a perda de alguém que
nos é querido dão-me a volta ao estômago. Projecto-me
nas personagens e sofro a bom sofrer. Idealizo as maiores
vinganças e atrocidades possíveis fervendo sem sentido
durante algum tempo. Ao ver este Spoorloos o meu Ser
passou por esses caminhos, no entanto este filme oferece-nos
algo para além de um simples rapto. Um exercício sobre a
elasticidade da alma humana bem suportado por excelentes
representações e um sentido de "cinema" sereno e paciente
por parte do realizador. Acutilante. Tão real que parece abstracto.

Algo entre Funny Games, Irreversible e "Serralves".

Telefonem à namorada(o) a perguntar
se está tudo bem quando acabar o filme.

8/10



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