REVIEW: Inglorious Basterds ( Quentin Tarantino, 2009, USA )



Mais um "filme do Tarantino". Sempre que Tarantino
estreia um filme surge uma febre "já foste ver o novo
do Tarantino?" que me parece algo inquietante e inexplicável.
Acima de tudo há qualquer coisa na frase "novo filme do Tarantino"
que me dá a volta ao estômago. Não estou aqui a armar-me em
intelectual a dizer que não gosto do homem, porque gosto, mas
esta "febre Tarantino" faz-me muita confusão. Acho que a única
forma de explicar este desconforto tem haver com o papel que lhe
dão de salvador e génio criativo quase divino capaz de fazer com que
pessoas que não gostem, por exemplo, de filmes de terror chungas passassem
a achar geniais assim que Grindhouse rebentou ou quando o nome dele
apareceu nos primeiros segundos de Hostel "Quentin Tarantino
apresenta"
( realizado por Eli Roth, o Urso Judeu neste Sacanas sem lei
que por acaso também é o pior actor do mundo ).

A minha visão de Tarantino é de um realizador e um contador de histórias
que é genial a fazer saladas de frutas a partir do cinema que ele devora.
Acima de tudo Tarantino é um espectador como nós. Entusiasmado e com
muito dinheiro.

Tarantino é um concerto no Pavilhão atlântico independentemente
da banda que lá esteja. É uma festa.

Quanto a este Inglorious Basterds ( SACANAS SEM LEI, parabéns )
digo assim já de chapa que tá ali taco a taco com a melhor criação dele
(para mim) Reservoir Dogs.

Como sempre a atenção está totalmente para as personagens, para bonecos
esculpidos com paixão que debitam frases carismáticas e conversas magnetizantes
que culminam sempre num extâse qualquer. Uma espécide de combate de Boxe
entre Tarantino e o espectador com vários rounds. A história em si dos nazis,
dos judeus revoltados e dos aliados desvairados com ar de gangsters é apenas
um pretexto e não surpreende, nem entusiasma, nem me diz nada.

E se falamos de personagens essencialmente temos que falar de Cristopher Waltz
no papel de Coronel Hans Landa. A prestação mais rica e deliciosa dos últimos tempos.
Um actor alemão que de certeza vai começar a andar na boca do mundo e que de certo
não tivesse sido escolhido no casting este filme teria perdido mais de metade da piada.

8/10

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