REVIEW: Wolfen ( Michael Wadleigh, 1981, USA )



Em 1981 toda a gente pensava em Lobisomens e toda a gente fazia
filmes de lobisomens e havia pelo por todo o lado. Nesse mesmo ano de 1981
havia acesa disputa entre The Howling e American Werewolf in London
pelo trono da licantropia e ninguém pareceu reparar em Wolfen.

Vale a pena reparar? Vale.

O ambiente está lá todo. Os fumos a sair da sarjeta. Os investigadores a suar,
os vestidos com pregas e chumaços a abanar ao som de sintetizadores.
Os lobisomens pairam sobre a cidade como uma ameaça e há que ter cuidado em
toda e qualquer esquina e viela.

Os lobisomens não são o Mal puro e incarnado na terra com o objectivo
de destruir virgens e inocentes. São receptáculo de injustiça e congeminam nas sombras
da cidade. O Homem Branco está a destruir tudo e cabe ao Capitão Planet...aliás, aos
Lobisomens resolver o assunto.

Muita consciência e avisos fazem deste filme uma espada de dois gumes. Há quem goste
da vertente revoltada com o mundo, há quem considere pretensiosa. Eu cá achei um
filme razoavelmente divertido.

6/10


REVIEW: Candyman ( Bernard Rose, 1992, USA )




Clássico. Clássico. Clássico. Clássico. Clássico.

Confesso que fico um pouco perdido ao falar deste filme.
Numa abordagem superficial, parece-nos um filme de terror caótico dos anos 90,
igual a tantos outros.No entanto se estivermos atentos conseguimos decifrar
algo nas entranhas com mais conteúdo do que aparenta...e abelhas.

O "monstro" é exemplo disso mesmo. Não é nenhum matulão tipo Michael Myers
ou Jason, nem tem o ar exageradamente doentio de Freddy Krueger ou os pregos na
cabeça do Pinhead mas por baixo do seu casaco janota existe um inferno de conflitos
raciais, injustiças e realidades urbanas que transformam todo o panteão numa
cambada de cachopos amuados com falta de atenção.

Aconselho com pujança.

Alguém sente-se realmente à vontade a repetir 5 vezes o seu nome frente a um
espelho?

7/10

REVIEW: Seventh Moon ( Eduardo Sanchéz, 2008, USA )



Estamos na china e é o dia em que os mortos sobem ( ou descem ) a terra.
É também o dia em que o outrora genial e revolucionário argumentista/director
do mega sucesso Blair Witch Project confirma ao mundo que afinal foi "vítima"
das circustâncias.

Tudo começou muito bem e a aproximação Cloverfield/Blair Witch
até estava com alguma piada. Os actores eram decentes e tudo ocorria
da melhor forma. A noite caiu, o mistério adensou-se e a coisa prometia
e criava algumas pulgas. A lua cheia ia alta e os primeiros esboços de Monstro
Chinês faziam tangentes ao enquadramento, prometendo o inferno.
Neste momento estava razoavelmente contente...mas não por muito tempo.

Aquelas coisas meio The Descent meio bailado contemporâneo aborreceram-me
e fizeram-me lembrar os Power rangers e tudo de repente me pareceu um episódio
do Stargate.

Siga para o próximo...

5/10

REVIEW: The Fearless Vampire Killers (Roman Polanski, 1967, UK & USA)




Memórias de infância: Pastilhas Gorila, Jogos sem Fronteiras, e esta obra prima, traduzida tão oportunamente como "Por favor não me morda o pescoço".

Com certeza posso dizer que foi o meu primeiro filme de vampiros e somente com o passar dos anos mudou de categoria: terror para humor. Em criança, o que hoje dá para rir, dava para roer as unhas, só com a idade veio o perceber do ridículo e a gargalhada seguida de: "Epá, este Polanski é o maior"

Esta pérola tem das melhores cenas de sempre, desde um "Van Helsing" que mais parece um bêbado, um ajudante "palhaço", um vampiro abichanado e um "Conde Drácula" com ar rebarbado, uma donzela nada donzela e um meio cigano a tentar safar-se na vida (como vampiro manhoso).

O ambiente é excelente: há pó, teias de aranha, meias rotas. Os vampiros não são sedutores e tem mais ar de mortos que vivos. A banda sonora é perfeita.

A história gira à volta de um professor especialista em vampiros(muito aparvalhado, distraído e ao mesmo tempo genial), chamado Abronsius (Jack MacGowran), que decide ir até a Transilvânia matar vampiros.
Acompanhado do seu medroso ou com um grande sentido de fugir com o rabo à seringa e muito fiel discípulo Alfred (Roman Polanski), Abronsius tem como objectivo aprender mais sobre vampiros e acabar com a raça.
Tudo se complica, entre a incompetência de uns e a parvoíce de outros e o desfecho não é o previsto...

E que desfecho...o final marcou o resto da minha vida com uma fórmula que até hoje defendo, um filme de "terror" não pode acabar bem! Porra!

Este filme sabe bem num domingo à tarde, numa quinta-feira à noite, entre coisas ou só porque o encontramos entre pastas divx ou num dvd empoeirado.

Porque é o que é, e o que pretendeu ser. Porque é fresco e bafiento até hoje.
Porque tem o Roman Polanski com ar de parvo.

Por todas as razões.

9,5/10





REVIEW: La noche del terror ciego ( Amando de Ossorio, 1971, Espanha )



E houve grande regozijo! La Noche del Terror ciego
( Tomb of the blind dead )
é espetacular! Não só por ter sido filmado
em Portugal antes do 25 de Abril de 1974, facto que me intriga bastante,
mas também porque consegue recriar um dos ambientes mais kinky terror
ui ui mãozinhas de esqueleto a sair da cripta e espanholas de soutien aos gritos.
Há aqui planos e momentos verdadeiramente sexys onde os MORTOS-VIVOS
conseguem ser mesmo irritantes e pungentes na arte de criar pesadelo visual
( enquanto andam a cavalo ). Um filme de TERROR CEGO com ar disso mesmo.
Tem ainda também uma banda sonora do arco da velha que ainda embeleza
mais as coisas e dá vontade de fazer um pacto com o diabo.

...e tem CRIPTAS.

Genial!

IMPORTANTE: Vejam a versão falada em espanhol por amor de Deus.

8/10

REVIEW: Dead Meat ( Connor McMahon, 2004, Irlanda )



ZOMBIES....DA IRLANDA!

Dead Meat é quase amador, segue a fórmula sem tirar nem por do
formato Zombie, tem FX horríveis, banda sonora de telemóvel, actores
sinistros e não traz nada de novo....mas...é altamente e deve ser visto.

Heavy Metal e Vacas loucas!

6/10

REVIEW: Insanitarium ( Jeff Buhler, 2008, USA )



Um idiota faz-se de atrasado mental para conseguir entrar
no sanatório onde está, "injustamente", a irmã suicída. Na tentativa
de a salvar, o herói descobre que decorrem experiências pouco éticas
nos recantos mais obscuros da instituição. Experiências que resultam
em Muito mas Muito sangue.

Do realizador de Midnight Meat Train, Insanitarium é um filme caótico
mal organizado que nos atira para o meio da sanatório sem sabermos lá
muito bem como. O que safa isto ( mas pouco )são alguns bons minutos de
chacina desenfreada lá mais para o final.

5/10 ( o filme é mau mas a chacina vale a pena )

REVIEW: The Company of Wolves ( Neil Jordan, 1984, UK )



The Company of Wolves é uma delícia psicadélica.
Uma aventura pelo folclore europeu mais obscuro de uma forma pouco
infantil. Pegando nas peças que compõe a história do Capuchinho
Vermelho constrói-se aqui um delírio quase Freudiano à volta de uma
menina que começa a descobrir o outro lado para além do manto da
inocência....onde há LOBISOMENS.

Um filme que vai agradar bastante àqueles que se babavam com a série
Jim Henson's Storyteller.

8/10

REVIEW: Survival of the Dead ( George Romero, 2010, USA )



George Romero anda arrastar-se pelo cinema como um dos seus zombies.
Lento, chato e sem chegar a lado nenhum. Já chega homem! Vai passear
com os netos.

Survival of the Dead é um Big brother numa ilha infestada. Duas famílias
com sotaque irlandês disputam a forma mais ética de se livrarem da praga
zombie. Uma facção defende que se deve acorrentar a malta à espera de uma
cura outros defendem que se deve espetar um balázio na testa e arrumar
logo o assunto. E é isto.

Nunca vi um filme tão caótico emocionalmente e com tanta coisa puxada a ferros.
Os acontecimentos ocorrem como em telenovelas venezuelanas e os actores ficam
à toa e nós também. Sinceramente não percebi nada deste filme, mesmo. Quanto
aos zombies: aborrecidos.

Espero que seja o último.

3/10

REVIEW: Daybreakers ( Michael/Peter Spierig, 2010, USA )



Mais um semi-blockbuster que me desilude este ano.
Este esteve quase quase a passar a barreira mas não conseguiu
porque tem tanta coisa que não faz sentido e que polui o ambiente
que não dá mesmo para dar uma hipótese de sobrevivência.

Num futuro próximo os vampiros são a raça dominante no planeta
terra. Como podem imaginar fica tudo virado do avesso e toda a gente
vive durante a noite. Os humanos viram-se como por magia transformados
em recursos naturais e como na nossa realidade estão a esgotar-se a um
ritmo alucinante. São empilhados e sugados por multinacionais que procuram
lucro. O filme anda por estes caminhos e certamente agrada aos mais activistas.

O problema é que existem bastantes pormenores incoerentes que impedem
este filme de entrar como groselha no nossos organismo. Quando tudo parece
bonito e entusiasmante há sempre alguma coisa que nos crava uma estaca
no raciocínio. Não vou enumerar porque não gosto de chutar "spoilers" por
muito pequenos que sejam mas acreditem que há coisas de desesperar um santo.

Este filme faz-me também pensar que UNDEAD realizado por estes dois irmãos
Spierig afinal não passa de um filme caótico mal feito que resultou numa delirante
epopeia esquizofrénica sem querer.

5/10 ( porque esteticamente tem coisas bonitas )

REVIEW: The Howling ( Joe Dante, 1981, USA )



Lembro-me de uma noite de São João do Porto em que entrei
num café, para descansar as pernas e beber um sumol com os
meus pais, quando algo na tv me atirou para um estado de horror
tremendo. Na televisão um homem na maior das misérias
transformava-se a muito custo num lobisomem. A pele esticava,
o pelo brotava de forma primaveril e havia baba e sangue por
todo o lado. Um horror que inexplicavelmente passava indiferente
a toda a gente estava totalmente canalizado para mim.
Fiquei três noites sem dormir.

Esta cena horrível pertence a The Howling, vim uns anos mais
tarde a descobrir. Aprendi também a não ter medo e a apreciar
aquilo que The Howling é: um filme referência no universo
licantropo com uma curva de sensações suficientemente ampla
para agradar a gregos e troianos e até aos mais esquisitos entre
estes.

Dado triste: A famosa transformação acabou por perder nos óscares
para a transformação ocorrida em American Werewolf in London.

7/10