REVIEW: Legion ( Scott Stewart, 2010, USA )



Apostava veementemente que este filme seria O Filme de acção-fantasia
do ano e para minha salvação ainda bem que não apostei dinheiro. Desilusão
total. Desilusão porque efectivamente o filme é mau, mas também porque
mexe com uma temática pela qual nutro carinho: ANJOS REVOLTADOS
ARMADOS ATÉ AOS DENTES.

Não vamos entrar em discussões teológicas nem falar de princípios nem de
"ai o cinema americano blá blá". Não tem nada haver com isso. O filme no
universo de fantasia que cria é aborrecido e vazio. É certo que tem um ou
outro momento de acelerar o ritmo cardíaco por breves segundos mas logo
estagna numa poça de nada. Passei o filme a pensar "vá é agora..." "ei agora
é que vai ser..." "eix agora isto..." mas nunca chegou a nenhum pico de acção
verdadeiramente entusiasmante.

Se gostam da temática vejam o The prophecy já aqui revisto. É ligeiramente
melhor e tem o Cristopher Walken.

4/10

REVIEW: Dante 01 ( Marc Caro, 2008, França )



Este filme foi uma verdadeira experiência delirante de caixão à cova.
Comecei a ver este filme já a noite ia alta e à medida que o sono ia
chegando mais o filme entrava por caminhos psicadélicos que se fundiam
com o meu sono e o significado da existência, culminando numa apoteose
de "fodasse vou desligar esta merda senão fico maluco" mas não consegui
e vi tudo até ao fim...sobrevivendo com sucesso mas com menos 1/3 de
cérebro para tratar das coisas do quotidiano real.

Uma estação espacial com meia dúzia de psicopatas lá dentro. Cobaias para
experiências científicas e novas formas de tratamento aos desviados da
sociedade. Um recém-chegado torna-se o centro das atenções devido ao
seu comportamento misterioso e capacidade de fazer milagres. Estes são
os pilares em que o filme se monta e parte para um caminho existencialista
cheio de simbolismos Dantescos e Blake...ianos. Um filme esteticamente
cativante que nos conduz a sítios que nem ao diabo lembra.

7/10 ( pela experiência no seu todo )

REVIEW: Vampires ( John Carpenter, 1998, USA )



Aqui há uns dias dei por mim a rever este filme. Porquê?
Porque tem vampiros a serem caçados como gado no oeste americano.
Porque tem o James Woods a rebentar a boca a vampiros com mais
estilo que o Blade e com muito menos equipamento.
Porque tem um Daniel Baldwin a partir dentes à estalada aos
vampiros. Porque tem armas e veículos à G.I JOE e porque tem
uma série de coisas FIXES que tornam este filme FIXE e não mais
do que isso.

Tem buracos de argumento? Tem.
Tem momentos em que tudo parece inútil e mau? Tem.
Tem motivos suficientes para ser um mau filme? Também tem.
Os vampiros já enjoam? Já.
O From dusk till dawn é melhor a misturar vampiros e cowboys?
Muito melhor!

No entanto eu gosto e foi por isso que o revi.

6.5/10

REVIEW: It's Alive! ( Larry Cohen, 1974, USA )



It's alive! é um bom exemplo do pânico mutante Americano, entre as décadas
de 50 e 70. As alterações genéticas estavam na ordem do dia: comprimidos,
vacinas, medicamentos, poluição, adubos, frigoríficos, rebuçados, tintas, etc.
Tudo estava ameaçado e as mutações genéticas abomináveis ensombravam a
atmosfera. Isto claramente reflectiu-se na produção cinematográfica e televisiva.
Durante este período surgiram inúmeros filmes em que coelhos, galinhas, vacas
e gatos apareciam em escala e fúria satânica para dizimar populações.

It's alive! faz parte dessa estirpe, escolhendo como receptáculo um BEBÉ. Um
bebé mutante, horrível, carniceiro, psicopata, doente, putrefacto. Este bebé
mesmo antes de abrir os olhos ou respirar já está a assassinar quem lhe aparece
pela frente mas no fundo sabemos que é apenas uma vítima da sociedade. :(

Um filme razoavelmente divertido. O trailer é mais fixe.

6/10

REVIEW: Zombies of Mass Destruction ( Kevin Hamedani, 2009, USA )



O poster diz tudo. "A political Zomedy" tão infantil e fútil como aqueles
clones do che guevara a distribuir flyers do bloco de esquerda à porta das
escolas secundárias.

ZMD não tem momentos engraçados e chega mesmo a irritar mais do que
devia. O argumento e diálogos são tão deficientes que os actores já horríveis
de si conseguiram tornar-se piores. Os figurantes zombies parece que estão
numa espécie "achas que sabes ser zombie?" e parecem querer destacar-se
um dos outros, para quem sabe fazer carreira (?) neste mundo. Em suma,
ZMD é uma espécie de teatro revista horrível que não vale mesmo a pena ver.

Mesmo.

3/10

REVIEW: KICK-ASS (Mathew Vaughn, 2010, USA)




Sabem porque é que o Alan Moore (escritor e criador de obras de B.D., WATCHMEN, V for Vendetta, From Hell, Liga de Cavalheiros Extraordinários) nunca quis estar ligado com nenhuma das adaptações dos seus livros, inclusive não querendo sequer ganhar dinheiro ou que o seu nome aparecesse nos créditos?

Porque 98% das vezes as adaptações são uma merda. Sombras dos livros, ou nem isso. Maior parte das vezes na ânsia de ganhar milhões agradando as massas cagam nas histórias originais.

Adaptar tendo em conta ao meio (em cinema muita coisa não resulta) é muito importante, vejam o caso da "lula gigante" no final do livro Watchmen...na tela nunca resultaria. Ok, até ai tudo bem.

Reduzir, tornar mais verosímil, criar um ponto mais próximo do real (The Dark Knight), eu posso aceitar.

Mas quando o filme é mais fantasioso que o livro e a verdadeira essência das personagens e da intriga se perde em nome do agradar a maioria...então a pintura está mais que borrada.

Kick-ass perde todos os pontos altos do livro. Os twists do livro são completamente apagados e o politicamente incorrecto diluído. E isto meus caros é a essência.

Eu sou suspeito, mas todo o filme estive com a sensação de "FODA-SE! Onde está o KICK-ASS? Onde está a reviravolta? Que raio de adaptação é mais parva que a fonte? Que seca do caralho!"

Nem tudo é mau...

Ponto alto: HIT-GIRL, excelente! Todas as cenas do filme em que apareceu fizeram-me esquecer o aperto no estômago...de quem sabe que ainda falta para acabar o filme, mas não quer sair antes. Todas as sequências com ela estão perfeitas, a muito jovem actriz (Chloe Moretz) ensina como representar. Tem um futuro brilhante pela frente se não entrar em merdas e manias. Esperemos...

Tudo o resto, não tem a intensidade, o carisma. Não empolga, não agarra.

Erraram em tudo. Já que era RATED R mais valia ter seguido o livro...

Notas:

1º se já leram o livro e gostaram, preparem-se para ficar desapontados...e muito (meses de expectativas)

2º se não leram, façam-no antes de ver o filme.

3º se não gostam de BD, tentem gostar do filme. Duvido...mas tentem.

Há excelentes e boas adaptações de BD ao cinema: IRON MAN, HULK (o último com o Edward Norton), DARK KNIGHT (soberbo na medida que cria algo inteiramente novo sem perder a essência), SIN CITY (perfeita), 300, Ghost World, Watchmen (tá fixe)...

Kick-ass não faz parte desta lista.

Dou-lhe 5/10 inteiramente por causa da Hit-Girl e de todas as sequências com ela...até porque são as únicas que fiquei na retina.

Porra...(o trailer engana muito...6 € para o maneta)

REVIEW: Mirrors ( Alejandro Aja, 2008, USA )



Mirrors é o verdadeiro exemplo do mal geral que amaldiçoa
o blockbuster terror americano contemporâneo. Lugares comuns
( polícia alcoólico, família partida, custódia de filhos ) e a mania de
explicar tudo e não deixar nada em aberto. Tanto explicam e tentam
dar sentido ao paranormal que o filme deixa pura e simplesmente de
fazer sentido caindo muitas vezes no ridículo.

Mirrors é isso mesmo. Um mistério engraçado que cativa inicialmente
mas que gradualmente começa a deslizar pela sanita abaixo.

Se o Alejandro Aja quiser ser um realizador fodido tem que procurar
financiamento longe das colinas porque com isto começa a perder o brilho.

5/10

REVIEW: Fudoh ( Takashi Miike, 1996, Japão)



Um conto de Yakuzas com os ingredientes Miike do costume.
Muito vigor, violência, frescura, originalidade e muito ritmo.

Já deu para notar que sou completamente obcecado por este senhor
e não é para menos. Todos os seus filmes têm algo que não se encontra
em mais lado nenhum. Dou por mim de tempos em tempos a pensar
"estou indeciso entre ver um filme ou um filme do Miike". Takashi
Miike não faz filmes, mas sim bombas atómicas em celulóide.

Vejam este, ganhem balanço e vejam todos os outros que apanharem
pela frente.

8/10

REVIEW: The Fog ( John Carpenter, 1980, USA )



Sou um grande fã do trabalho deste homem. John Carpenter é um cowboy
que vai directo ao assunto sem grandes rodeios procurando divertir-se e
divertir. Planos fixos, tudo no sítio, princípio meio e fim e está criada uma
janela para um mundo de fantasia.

The fog, na minha humilde opinião, é uma janela embaciada onde não se
vê grande coisa. A premissa é genial, levando também a um grande
título que se destaca na prateleira ou numa lista de excel. É pena que o
filme não corresponda em nada.

Não gosto. O ambiente desde cedo nunca teve a acutilância necessária
para gelar a espinha. O filme nunca chega a assentar praça em lado
nenhum, deixando sempre o pé na embraiagem sem meter mudança.
Personagens vagueiam pelo cenário como fantasmas confundindo-se
com os verdadeiros fantasmas. Um verdadeiro nevoeiro que nem sim
nem sopas.

Se calhar estou a ser burro e precisava de uns faróis de nevoeiro para
ver o quadro todo. Vou dar esse desconto porque realmente dói-me um
bocado dizer mal do Carpinteiro.

5/10

REVIEW: Luca il contrabbandiere ( Lucio Fulci, 1980, Itália )



Luca il contrabbandiere é uma delícia a cheirar a mijo e camionista.
Lucio Fulci conta-nos uma história de máfia Napolitana igual a tantas
outras mas repleta de acessórios que tornam este filme um regalo escorregadio.

Participamos numa história de vingança à qual não ligamos patavina pois estamos
demasiado entretidos a apreciar as mortes exageradas e os inúmeros pormenores
estilísticos que caracterizam o dedinho de Lucio Fulci.

Um filme violento, à sua maneira, que corre o risco de provocar sérias gargalhadas
devido a inevitável deslocação temporal.

Um espetáculo, digo eu.

6.5/10